domingo, 4 de janeiro de 2009

Gralhas-de-bico-vermelho no PNAlvão: o regresso das filhas pródigas

Ainda há pouco tempo, estava eu e o Paulo Travassos (em representação da equipa do LEA) a falar com o nosso amigo José Conde, sobre o facto de as Gralhas-de-bico-vermelho não serem observadas já há algum tempo em locais onde era normal e frequente a sua presença, e discutíamos sobre a experiência adquirida nos últimos anos na monitorização e acompanhamento desta espécie no Noroeste de Portugal. Durante a reflexão sobre estes factos, referíamos que a sua ausência podia dever-se apenas a uma alteração relacionada com: o clima, o uso do espaço (e. g. habitat, alimento, perturbação) e que poderia estar associado à alteração simultânea da envolvente ao dormitório. Pelo que, o mais certo seria voltar a ver as nossas amigas daqui a uns tempos nos locais antes referenciados se as condições de alimento e abrigo obedecerem aos requisitos ecológicos reconhecidos pela espécie.

Esta conversa, que nos conduziu a algumas suposições, estava ainda longe dos resultados das contagens do final do mês de Dezembro de 2008. Contudo, com os resultados da última monitorização dos núcleos do Barroso e do Alvão, o que seriam apenas suposições passaram a ser factos reais. Após 14 meses de ausência, centenas de Km percorridos e inúmeras horas de espera junto aos dormitórios, algumas delas debaixo de condições adversas, as filhas pródigas do Alvão voltaram.

De acordo com os nossos registos, o núcleo de Gralha-de-bico-vermelho existente na área do Parque Natural do Alvão tem sido monitorizado sistematicamente desde de Janeiro de 2006, com saídas quinzenais até Setembro de 2008 e mensais desde então. A observação de indivíduos desta espécie foi registada desde Janeiro de 2006 até Outubro de 2007, última data de observação de Gralhas-de-bico-vermelho no Alvão. Desde então, e até Dezembro de 2008, as nossas amigas deixaram de frequentar e dormitar no PNAlvão. A sua ausência foi confirmada pelas 22 saídas de campo efectuadas ao Alvão para monitorizar os dormitórios e os locais habituais de alimentação. Durante os 14 meses de ausência de observações é de notar que uma das aves que tinha sido anilhada no Alvão em 2006 foi observada no Gerês numa das saídas de campo efectuada a esta zona (ver post: K 2156: O Contacto!).